Nem todo TDAH é igual: a avaliação neuropsicológica mostra qual é o seu.

Nem todo TDAH é igual: a avaliação neuropsicológica mostra qual é o seu.

1. Etapas da Avaliação Psicológica e Neuropsicológica

A avaliação é ampla e multifatorial — não se baseia apenas em testes, mas também em entrevistas, histórico de vida e questionários. Ela visa identificar sintomas, prejuízos e descartar outras causas possíveis.

1.1 Entrevista Clínica

A entrevista clínica ou anamnese inclui o levantamento da história de vida, escolar e profissional, com foco na identificação de sintomas desde a infância — critério essencial para o diagnóstico. Também busca reconhecer em quais áreas da vida, como trabalho, estudos ou relacionamentos, esses sintomas geram prejuízos significativos.

1.2 Testes Psicológicos e Neuropsicológicos

A avaliação inclui a aplicação de testes psicológicos e neuropsicológicos que investigam aspectos como atenção, memória, impulsividade, raciocínio e habilidades acadêmicas. Esses instrumentos ajudam a identificar padrões cognitivos e comportamentais, bem como possíveis dificuldades associadas. No entanto, os resultados devem sempre ser interpretados em conjunto com a história clínica, já que o diagnóstico de TDAH não depende apenas do desempenho nos testes.

⚠️ Importante: pontuações normais nesses testes não excluem o diagnóstico de TDAH. De 35% a 65% dos adultos com TDAH podem apresentar desempenho dentro da média.

2. O Que a Avaliação Deve Responder

Barkley e Murphy propõem quatro perguntas centrais que a avaliação precisa esclarecer:

Os sintomas estavam presentes na infância e causaram prejuízos significativos?

Esses sintomas ainda causam prejuízo de forma consistente na vida adulta?

Há outras causas possíveis (ansiedade, depressão, sono, trauma, uso de substâncias, etc.) que expliquem melhor os sintomas?

Há comorbidades coexistindo com o TDAH?

3. Critérios Diagnósticos (DSM-IV / DSM-5)

Para adultos, os sintomas precisam:

Ter duração mínima de 6 meses;

Ter início antes dos 12 anos (antes era 7);

Causar prejuízo em pelo menos dois contextos (trabalho, casa, estudos, etc.);

Ser mais frequentes e intensos que o típico para a idade.

O DSM lista 18 sintomas, divididos em:

9 de desatenção;

9 de hiperatividade/impulsividade.

Para adultos, Barkley sugere que 4 sintomas clinicamente significativos por domínio já podem indicar TDAH.

4. Subtipos (DSM-IV / DSM-5)

Os subtipos de TDAH são definidos de acordo com o padrão predominante de sintomas. O tipo combinado é o mais comum e envolve tanto desatenção quanto impulsividade e hiperatividade. O tipo predominantemente desatento se caracteriza por dificuldades de concentração, esquecimentos e lentidão, sem comportamentos impulsivos marcantes. Já o tipo predominantemente hiperativo ou impulsivo é mais frequente na infância e envolve agitação, inquietação e dificuldade de controlar impulsos.

5. O “Tempo Cognitivo Lento” (TCL)

Barkley diferencia o TDAH do TCL — um padrão de atenção caracterizado por:

Sonhar acordado, lentidão mental;

Processamento de informação mais devagar;

Retraimento social, passividade;

Menor impulsividade e hiperatividade.

Muitas pessoas inicialmente pensam ter TDAH, mas na verdade apresentam TCL ou ansiedade, por exemplo.

6. Interpretação dos Resultados

O diagnóstico é clínico, ou seja, depende da integração de múltiplas fontes de dados:

Entrevista clínica;

Relatos de terceiros (pais, cônjuge, professores);

Testes padronizados;

História de vida e funcionamento atual.

A devolutiva (sessão de feedback) deve esclarecer:

Se o quadro é compatível com TDAH;

Se há outras condições associadas;

Recomendações terapêuticas, medicamentais e psicossociais.

7. Quando Buscar Segunda Opinião

Justifica-se quando:

A avaliação foi superficial, apressada ou mal conduzida;

Há discordância entre sintomas e conclusões;

O profissional não ouviu adequadamente o relato clínico;

Ou quando há dúvidas legítimas sobre outros diagnósticos (como ansiedade, bipolaridade, depressão, etc.).

💡 Resumo Final

A avaliação do TDAH em adultos é complexa e deve responder se os sintomas são persistentes, precoces, intensos e causam prejuízo real.
Ela envolve entrevista clínica detalhada, testes neuropsicológicos complementares e uma análise crítica das comorbidades e do funcionamento global.

Márcia Feijó

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